Al Waba, A cratera
Viajar na Arábia Saudita é uma aventura que já tive o prazer de realizar ao longo destes quase 6 anos.
Desde sempre que conduzir foi um dos meus prazeres e fazê-lo na Arábia Saudita é algo que me agrada bastante.
Estradas amplas, com kilómetros de cenários exóticos para quem normalmente fazia a A1 Norte Sul.
A minha noção de distância ficou alterada e hoje quando conduzo em Portugal as distâncias que antes me pareciam verdadeiras viagens passaram a ser já ali.
A Arábia Saudita tem na ligação Dammam-Jeddah um dos seus principais eixos viários. 1.400km ligam o Golfo Árabe ao Mar Vermelho e sensivelmente pelo meio temos Riyadh.
Riyadh-Jeddah faz-se em cerca de 10 horas de condução sem paragens. E foi esse o percurso que me propus iniciar uma quinta feira depois de um dia de trabalho. Pensando agora, talvez não tenha sido a ideia mais inteligente, mas é destas decisões que normalmente nascem as melhores histórias. O objectivo era passar uma semana a mergulhar no Mar Vermelho. Alguns dias em Jeddah e outros em Yanbu.
A viagem começou por volta das 19:00 depois de comer uma shoarma para ganhar coragem.
Objectivo principal, conduzir durante a noite e mergulhar pela manhã nas águas quentes de Jeddah. Mas ao chegar por volta da primeira hora da madrugada percebi que iria ter de parar e dormir para poder fazer o resto da viagem em segurança. Mas foi aí que uma ideia me ocorreu.
Algures no caminho eu sabia que existia algo que eu já tinha vontade de visitar desde que sabia da sua existência.
Al Waba Crater. A cratera de um vulcão inactivo que eu sabia que ficava sensivelmente perto de Meca e não muito distante da estrada principal onde eu estava a conduzir.
E se eu desviasse e fosse investigar? Pausa estratégica na primeira estação de serviço para análise geográfica e cálculo matemático de esforço possível. Seria que ia ser possível?
Olhando para o mapa tudo indicava que sim.
Novo plano. Sair da estrada principal, conduzir até à cratera, dormir o possível, visitar a cratera e retomar a viagem para Jeddah pela manhã.
Partida à aventura. A estrada deixou de ser uma normal auto estrada Saudita para passar a ser um estrada nacional entre povoações. A iluminação pública começou a ser cada vez mais escassa e as estrelas do céu do deserto começaram a aparecer.
E num instante o GPS disse: chegou ao seu destino.
O mapa dizia que tinha chegado, a escuridão ao redor não permitia perceber para lá de um metro de distância e o cansaço não permitia fazer explorações naquele momento.
O melhor era mesmo dormir e investigar pela manhã.
Despertador preparado para 20 minutos antes do nascer do Sol.
Acordar não foi fácil mas a curiosidade deu a energia necessária para ir descobrir se as fotografias que eu já tinha visto faziam jus ao que ali ia encontrar.
Sai do carro com o material de fotografia e a primeira visão não foi animadora. Alguns muros de pedra não permitiam ver longe. Pois então que se impõem saltar o muro e descobrir.
E aí percebi que a decisão em fazer o desvio tinha sido a escolha certa.
O sítio não é fácil de descrever e aconselho a quem tiver oportunidade que visite.
No exacto momento do nascer do Sol tinha a máquina fotográfica preparada no tripé. 300 fotos depois ainda estava maravilhado com o que tinha tido oportunidade de presenciar.