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Gare do Oriente, Médio

Dois arquitectos portugueses emigram para o Reino da Arábia Saudita. Um escreve (às vezes também esquiça), outro fotografa.

Gare do Oriente, Médio

Dois arquitectos portugueses emigram para o Reino da Arábia Saudita. Um escreve (às vezes também esquiça), outro fotografa.

Yanbu, “A capital do mergulho”

É assim que Arábia Saudita está a vender este novo destino.

Na costa Oeste da Arábia Saudita, Yanbu é banhada pelo magnífico Mar Vermelho.

Para os aficionados do mergulho em todo mundo este é uma das “Mecas” mundiais e um dos pontos obrigatórios em qualquer “bucket list” de destinos para mergulho.

Para os residentes no país e que praticam mergulho, Yanbu não é o destino regular por razões logísticas. Mas é sem dúvida um dos melhores disponíveis na costa Oeste. Jeddah é normalmente o destino pela facilidade de acesso e a maior oferta de actividades para além do mergulho. Mas até os mergulhadores de Jeddah se deslocam regularmente até Yanbu. É como viver em Negrais, mas mesmo assim dar um saltinho à Mealhada…

O mergulho no Mar Vermelho é possível ao longo de todo o ano. As temperaturas médias da água variam entre 24º em Janeiro e os 31º em Agosto. Fazendo uma comparação com as águas do Atlântico, podemos dizer que tomar banho aqui é o equivalente a uma “sopa” quente. Depois disto não é fácil voltar a molhar os tornozelos em Carcavelos. A ondulação por seu lado vem ainda reforçar mais a ideia de sopa. 

Em relação ao mergulho propriamente dito, as condições são excepcionais. A costa de Yanbu dispõem de uma formação de recifes de coral denominados “Seven Sisters” pelos sete topos que se podem reconhecer facilmente à superfície e que se estende por cerca de 90Km ao longo da costa.

Pela distância a que os locais de mergulho se encontram da costa o acesso a estes locais é feito de barco.

A vida existente nestas águas não é facilmente descritível pela quantidade e diversidade. Desde todo o tipo de corais até aos peixes que normalmente vemos nos aquários mais exóticos para além de um sem fim de tubarões e baleias. Mas aquilo que faz tantos mergulhadores se deslocarem a Yanbu é a visibilidade que estas aguas apresentam. De facto a visibilidade é de tal forma incrível que torna necessárias algumas precauções até para mergulhadores mais experientes. O facto de existir uma visibilidade tão perfeita altera a noção da profundidade a que o mergulhador se encontra e rapidamente se atingem as profundidades máximas permitidas sem termos a noção de estarmos tão perto desses limites. Mas felizmente as novas tecnologias e os computadores de mergulho rapidamente fazem soar os alertas relembrando que o mergulho é uma actividade lúdica e de recreio mas não isenta de riscos e que deve ser levada da forma mais consciente possível para evitar sustos ou dissabores.

Desde que fiz o curso de mergulho aqui na Arábia Saudita já tive a oportunidade de mergulhar várias vezes em Yanbu. E a cada mergulho recomeça a contagem dos dias para voltar. 

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2021, Janeiro 20

9:05 - Quarta deslocação à Mooror, para me encontrar com o condutor, Sultan de sua graça, ainda não chegou. A polícia telefona-lhe, ele desculpa-se com dificuldade em arranjar um carro para ir. Compreende-se, o J70 não deve ser fácil de arranjar.

11:03 - Nova chamada, já está perto. Já todos percebemos que ele não vai.

11:30 - Finalmente tenho nas mãos a autorização de reparação, no fundo o mais importante para poder ter de novo o carro em estado de circular sem escape estrangulado. Próximo passo, obrigar o outro a pagar. Tem que ser o tribunal, mas felizmente o processo pode ser tratado online. Fica para amanhã. Ou depois.

2021, Janeiro 23

Visita à oficina. De peças novas só vai precisar dos farolins direitos e pára-choques. Para endireitar o chassis não está a ser tão fácil.

2021, Janeiro 24

Entrega do processo no tribunal, online, aguardo convocatória.

2021, Janeiro 27

O tribunal pede mais papéis. E o carro está pronto. Ou quase. O escape não foi trocado, apesar das mensagens que enviei antes a confirmar, já que o mecânico ainda desenrasca algum inglês falado, mas escrito népia. Felizmente é um souq de oficinas, e o gajo dos escapes é logo atrás. Ainda falta o suporte do pneu sobressalente, mas isso pode ficar para depois, muito depois.

2021, Janeiro 28

O outro quer marcar encontro para negociar, e pede o meu IBAN.

2021, Janeiro 31

Processo aceite no tribunal.

2021, Março 18

Nova deslocação à polícia, falta um papel. Qual papel? O da Najm. Que só chega no dia seguinte, mas é uma quinta, e entretanto mete-se o fim de semana.

2021, Março 21

Alguém de contacta por Whatsapp, é um irmão do condutor. Que morreu, 3 dias antes, em acidente de viação (surpresa). A família pretende liquidar as dívidas, para que ele possa ser recebido sem problemas nos jardins de Alá. E o caso termina assim, no dia seguinte o valor em dívida é transferido para a minha conta, faço um pedido on-line para o caso ser encerrado no tribunal e confirma-se aquilo que o meu pai sempre disse sobre acidentes de automóvel: É melhor não ter.

Para responder ao desafio no último post do Miguel, fui fazer uma visita aos meus arquivos em busca das fotografias da visita às Farazan em 2018. Outros tempos…

Olhando agora para as fotografias dá uma certa nostalgia, parecendo que não a máscara é uma coisa que aborrece na fotografia apesar de oferecer um salvo conduto aos menos abonados por Afrodite.

Mas mais que tudo as fotos serviram para reavivar a curiosidade de voltar e visitar com mais tempo. E mais que tudo ver os segredos que o mar das Ilhas guarda. Aquando da primeira visita ainda não era mergulhador encartado, agora já posso levar o vicio da fotografia comigo para debaixo de água.

(No fundo o mergulho foi só uma desculpa para juntar mais alguns “gadgets” à colecção. Mas isso são águas para outras publicações)

 

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Interrompo a série de acidentes para explicar tudo o que há a saber sobre as ilhas Farasan. Quase tudo. Enfim, alguma coisa. 

As ilhas Farasan ficam no Mar Vermelho, mais a Sul, do lado direito de quem sobe, junto a Jazan, Arábia Saudita. Há muita bicheza para ver, entre pássaros e peixes. E praias de areia branca. Também há os restos de um forte otomano, mas basicamente são quatro paredes não caiadas, e não cheira a alecrim.

A melhor altura para ir é entre Outubro e Maio, depois fica ventoso. Perde-se em conforto, ganha-se em esfoliante.

1. IR

Para lá chegar há um ferry a partir de Jazan, às 7:00 e 15:00, excepto quando é a outras horas. Os verdadeiros horários são uma ciência oculta, acessível apenas aos Iniciados. Mas pelo menos é de graça. Os bilhetes podem (devem) ser reservados com antecedência no escritório da Companhia Marítima para a Nevgação, que fica aqui:

MACNA

Está aberto das 5:30 às 19:30, excepto quando está fechado (sim, há aqui um padrão). Para as viaturas aconselha-se a chegar cedo, uma vez que é por ordem de chegada e limitado à capacidade do barco. Mas isso é hoje, amanhã não sei.

Se não conseguirem lugar para a viatura, ou caso não tenham uma, há viaturas para alugar, com ou sem condutor, à saida do terminal.

Quando o mar está demasido agreste, ou havendo probabilidade de minas dos Houthis (se seguiram o link já viram que o Iémen não é longe) não há barco.

2. FICAR

Só há um hotel digno desse nome, o Forsan Park Hotel. Não é grande coisa, mas em compensação é caro (é o mercado, estúpido). Os preços variam entre os 500 SAR e os 700 SAR por noite, conforme a vossa capacidade para regatear, é ligar: 0173160000.

Mas tem praia privativa, e é asseado.

3. COMER

Tragam farnel. Ou material de pesca e carvão. Há um sítio que cozinha peixe fresco, de resto é só showarmas e afins. E encontrar um sítio que venda café antes das 10:00 também não é fácil.

4. PASSEAR

A ilha principal é bonita nas zonas desabitadas, tipo Cabo Verde. Nunca estive em Cabo Verde, mas parece que é parecido. Aqui o pior é o lixo. Se é acessível de carro e bonito, tem garrafas de plástico, restos de fogueiras, ossos de frango. Pelo que se recomenda a deslocação às ilhas próximas, desertas, limpas. De barco. Reservas pelo 0550158443 ou 0536857128. Os preços variam entre os 250 SAR por uma voltinha e os 3000 SAR pelo dia completo, incluindo bebidas, snorkling e refeições à base do peixe que apanharem. Os barcos têm capacidade para 8 a 10 pessoas, e partem daqui.

Para quem gosta de mergulho, podem alugar material no Jazan Dive Centre. Não é propriamente novo, mas é o que se arranja aqui. O irmão do responsável fala inglês, e pode ser contactado pelo 0533580364.

5. VOLTAR.

Os horários para regresso são os mesmos que para a ida, 7:00 e 15:00. Às vezes há um às 12:00, e às vezes o das 15:00 sai às 16:00. Levem qualquer coisa para ler, que a net é má. Se tiverem um avião para apanhar no próprio dia, pode não correr bem.

Mas vale a pena ir, e se quiserem ver fotos esperem que o Bruno lá volte. Ou pesquisem na net, sei lá.

 

 

Mais um sítio que estava na minha “bucket list” de sítios para visitar.

Talvez uma deformação arquitectónica, mas o invulgar do edifício tinha deixado em mim uma curiosidade que era necessário resolver.

E a espera foi feliz pois os deuses da luz alinharam-se para um final de tarde perfeito para a prática da fotografia. Foi um exercício de velocidade, pois o famoso lusco fusco neste país são mesmo aqueles 5/7 minutos.  

Bruno Antunes, 4 de Abril de 2021

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