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Gare do Oriente, Médio

Dois arquitectos portugueses emigram para o Reino da Arábia Saudita. Um escreve (às vezes também esquiça), outro fotografa.

Gare do Oriente, Médio

Dois arquitectos portugueses emigram para o Reino da Arábia Saudita. Um escreve (às vezes também esquiça), outro fotografa.

As mudanças recentes de cidade e trabalho não deixaram grandes espaços para sair e fotografar.

Mas uma visita recente a Riyadh para ver os amigos deu uma folga para gravar mais algumas memórias. 

Ao pensar na evolução de 2016 para hoje é difícil não ficar impressionado pela evolução de todo o país, mas principalmente da capital. E dei por mim a pensar nisso depois de 5 horas na rua de máquina na mão a fotografar sem estar em permanente modo de alerta. É certo que a minha fotografia não é a mais invasiva nem estou à procura de momentos flagrantes para a “candid camera”, mas em 2016 o único cenário que a minha máquina via era mesmo a areia do deserto. 

 

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04 Fev, 2022

A Rave da Selva

- Convidaram-me para expôr uns quadros numa festa, queres vir?

Parece uma proposta corriqueira, mas estamos em Riade. Em Janeiro.

De acordo com o Nuno (@nunorebeloart), a coisa iria começar pelas 16h00 de sexta-feira, previsão de durar até de madrugada, e ficaria a uma hora a Sul de Riade, mais coisa menos coisa.

E uma hora depois de termos saído, mais coisa menos coisa, chegámos a uma povoação de habitações dispersas, tipo a Aroeira há 40 anos, mas sem os pinheiros.

- Tens a certeza de que é por aqui? Parece o tipo de cenário que dá origem a cabeçalhos no Correio da Manhã.

- Sim, de acordo com as indicações do LJL (1), é uma coisa que parece uma selva.

Faz sentido, se há uma Winter Wonderland em Riade, porque não uma selva nos arrabaldes?

Acabámos por dar com o sítio, faz jus ao nome. É uma propriedade murada (como é normal aqui), muita vegetação, pontes, lagos, gaiolas com aves e hamsters (vá-se lá perceber), lounges em pavilhões, tralha, pátios, esculturas…

Ainda estavam a montar as coisas quando entrámos. Não é o tipo de evento que esteja disponível no Eventbrite, parece que é só por convite, e paga-se bem. Eu não, que era conhecido do Nuno, que era conhecido do LJL.

Além do stand do Nuno, também havia outros de roupa, bijuteria e pinturas faciais, e máquinas tipo arcade, com Pac-Man, Street Fighter, Mortal Kombat (hipsters will be hipsters).

Uns senhores com um ar infeliz vendiam biscoitos, chocolates e refrigerantes, mas a roulote dos cachorros ainda não tinha chegado, que os doces podem saber bem mas não alimentam. O que chegou, a seguir ao pôr-do-sol, foi o frio. Sim, isto aqui no Inverno arrefece. E não é muito. E não é pouco. Bastante. Abaixo dos dois dígitos. Um dos stands vendia gorros, comprei um, já ajuda. Também havia farwas, à venda, mas há mínimos e, Nuno dixit, quem tem brio não tem frio.

O DJ set estava previsto começar lá para as 20h00, e entretanto lá estava eu, num cenário que não é o que vem logo à ideia quando se fala na Arábia Saudita: Frio, vegetação luxuriante, moças em traje de influencers a conviver com moços vestidos como os garotos de hoje se vestem, techno, pessoas que pelo raiado dos olhos deviam estar com problemas nas lentes de contacto, e pelo hálito deviam estar a beber sumo de romã fora de prazo…

Às 22h00 já a pista estava mais composta, a DJ estava a conseguir aquecer o público, ou então eram outros estimulantes, não sei, não vi…

Às 23:00 lá chegou a roulote dos cachorros. Demasiado pouco, demasiado tarde. Quando um gajo já não vai para novo, estar numa rave de sobretudo não tem assim tanta piada. Ajudei o Nuno a arrumar o stand, cruzámos a multidão (enfim, não eram assim tantos) que fazia bicha para entrar, e finalmente houve algum conforto, com o aquecimento do carro.

E a Covid? O acesso obrigava à apresentação da app com certificado de vacinação/recuperação, máscara, e para já estou sem sintomas.

Pode ser que haja mais eventos destes lá para a Primavera, se não fôr preciso levar uma malhinha sempre deve ser mais agradável.

 (1) Músico e DJ português, conceituado no meio