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Gare do Oriente, Médio

Dois arquitectos portugueses emigram para o Reino da Arábia Saudita. Um escreve (às vezes também esquiça), outro fotografa.

Gare do Oriente, Médio

Dois arquitectos portugueses emigram para o Reino da Arábia Saudita. Um escreve (às vezes também esquiça), outro fotografa.

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Haraj, é o nome dos mercados locais, onde tudo se vende, tudo se compra, novo, quase novo, usado, abusado, já devia estar no lixo…

Um dos maiores do reino é o Souq da Princesa, em Riade. Podemos encontrar batedeiras, ténis Ardidas, sapatilhas Mike, cadeiras de rodas, cadeiras de barbeiro, tachos, frigoríficos, tudo o que se pode encontrar dentro de uma casa ou estabelecimento comercial, escritórios ou afins.

Não é só à terça, nem só ao sábado, é todos os dias. Mais imediato que o Olx, mas sem burlas com o MB Way. Em Riade ocupa uma área de 300 ha, em Taif a coisa é mais modesta, fica-se pelos 8,5 ha. A maior parte está reservada para o comércio tradicional, sobretudo mobílias, cobertores e edredões. Quem casa quer casa, e a casa tem que ser mobilada. Como aqui é suposto toda a gente casar, há muita mobília para vender. E por aqui se vê que ter mais que uma esposa não é para todos, o dobro das esposas, o dobro da mobília. O dobro das sogras também, mas isso agora é outra história.

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Adiante. A parte de produtos usados, ou semi-novos, ou ainda dá para aproveitar peças, não apresenta a mesma variedade do Souq da Princesa, ainda assim dispõe de oferta diversificada de artigos para o lar, ou para uma cozinha industrial.

E apresenta também a banca mais hipster do reino, com cassetes piratas. Ainda ponderei comprar uma, teria que adquirir também um leitor (à venda na banca mais próxima, pois claro). Mas não me estou a ver em casa a ouvir a versão libanesa da Ágata, ou o Quim Barreiros egípcio.

Também estive a ponderar uma máquina de fazer pão, mas uma pessoa que muda de cidade com alguma frequência tem que limitar a quantidade de bagulhos que leva para casa. 

Tendo em conta a tralha que acumulamos em casa, mais ainda quem tem garagens, seria coisa interessante de ter também em Portugal, não apenas no Campo de Santa Clara, e não apenas dois dias por semana. Só que, por estes lados, não só não se questiona a proveniência dos artigos à venda (o roubo é um excepção, e fazê-lo para lucrar com a venda é impensável, não faria aqui nenhum sentido chamar a isto Feira da Ladra) como as exigências fiscais a este nível são inexistentes (com este petróleo todo debaixo do solo também eu).

De modo que, em termos dos RRR da sustentabilidade, aqui ainda há trabalho a fazer no reduzir e reciclar, mas dão 15-0 no reutilizar. 

15-0.