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Gare do Oriente, Médio

Dois arquitectos portugueses emigram para o Reino da Arábia Saudita. Um escreve (às vezes também esquiça), outro fotografa.

Gare do Oriente, Médio

Dois arquitectos portugueses emigram para o Reino da Arábia Saudita. Um escreve (às vezes também esquiça), outro fotografa.

18 Fev, 2025

Consumo de cultura

Ainda sou do tempo em que eventos culturais eram acontecimentos. E assim com'assim foi uma óptima desculpa para uma visita a Jeddah.  Bienal de Arte Islâmica 2025, Jeddah.           
É como se fosse sempre Verão, a vida é fácil, não há rios onde saltem peixes, nem campos de algodão, mas o papá é rico, e a mãe bem parecida. Quando aqui cheguei, as más línguas afirmavam que a produtividade de um Saudita era baixa, entre o chegar tarde e sair cedo, pausas para orar, café, chá, fumar, almoçar, sobravam uns efectivos 20 minutos por dia. Não sei se é verdade, mas o facto é que para os meus dois colegas Sauditas, os pratos da balança vida/trabalho pendiam (...)
- Se tem algum jeito tanto turista. - Uma pessoa já nem reconhece isto. - Já só falta trazerem os tuktuks. - Ouvi dizer que já compraram o terreno do lado para fazerem um Airbnb. - E ninguém já fala árabe. - Antigamente é que era bom, não havia estrada pra cá chegar, não havia sinal de telemóvel e ainda se faziam uns churrascos que era uma maravilha. - Já nem a bordinha do mundo está a salvo. - Maldita gentrificação.           
Arábia Saudita, esse país de deserto, dunas e camelos, um ou outro oásis. E mais um preconceito errado.  Há um par de dias, cerca das 2 da tarde, o céu escureceu, começou a chover e a trovejar. E por estes lados a coisa não se fica apenas por ameaços, quando chove, chove muito. De modo que optei por sair mais cedo do escritório, o percurso entre Meca e Jidá já é suficientemente desafiante só de partilhar a estrada com os condutores locais, se juntarmos chuva e condução (...)
  Estamos naquela altura do ano. O tempo em que contabilizamos o saldo do ano que finda e que prometemos ser melhor num futuro próximo. Dei por mim a pensar na parte do resumo do ano. O meu pensamento levou-me a pensar no quanto do meu resumo é resultado da minha condição de “expatriado”. Faço parte da fatia do queijo para quem emigrar não foi uma necessidade, antes uma opção. Não comparo nem meço as minhas dores pelas de outros que o fizeram por não ter outra opção. Enquant (...)
11 Dez, 2024

O Ópio do Povo

Jidá, 6 de Dezembro de 2024, 18h52m. Aproximamo-nos da Cidade Desportiva Rei Abdullah, onde a partida entre as equipas de futebol Al Itihad e Al Nassr irá iniciar-se às 20h00m. Já há algum trânsito, mas ainda não é difícil encontrar um lugar para estacionar no parque. Ao redor do estádio não há roulotes a vender sanduíches de courato, nem minis. Ainda, dêem-lhes tempo. Aliás, nem sequer há roulotes, apenas um ou outro ponto promocional, de snacks ou refrigerantes, para ir (...)
A imagem que aqui o reino transmite para o Ocidente mudou um pouco desde que cá cheguei, e não apenas pelo nosso CR7. Giorgina veio mudar mentalidades, lia-se em revistas do social. Mas já lá vamos. Em 2015, a única coisa que eu sabia da Arábia Saudita resumia-se a uma publicação de um amigo na rede social Facebook, “na Arábia Saudita há restaurantes para homens e restaurantes para mulheres”, e pequenas notícias indicando ter um dos números mais elevados de execuções de (...)
Nem sempre quando acordamos imaginamos o que nos espera pela frente. Talvez seja o melhor resumo do dia em que ouvi Portugueses a cantar em plena praça pública da capital Saudita a Saga de Luís Mendonça. Os locais apreciaram os sons Portugueses e especialmente o entusiasmo do coro, mal sabiam eles que a vaca já estava morta. No decorrer do evento European Food Festival, aconteceram várias demonstrações artísticas mas claramente os Almanata foram quem aqueceu os corações longe da (...)
A propósito da última publicação do Bruno. Não conheço a realidade das comunidades portuguesas de emigrantes por esse mundo fora. Em princípio, uma pessoa que sai de Portugal é porque já está farta dos outros portugueses, não faz sentido querer estar com os seus compatriotas, depois de lhes ter escapado. Mas isso depois obrigá-los-ia a conviver com os seus vizinhos franceses (uns chauvinistas), alemães (nazis), americanos (grunhos), e por aí fora… No nosso caso, seria (...)