Sunny beaches and marisque
Sunny, sim senhor, beaches enfim. Marisque há, estamos à beira-mar, mas não é grande coisa, vem sempre carregado de molhanga, às vezes num saco. Um simples pires de camarão cozido, com sal e limão, é uma cena que não os assiste.
Voltemos à praia. Até agora, as melhores que frequentei foram nas ilhas Farasan. Desertas, areia fina, água cristalina e mais quente que no Sotavento Algarvio (suponho que é necessário frisar que é o Algarvio, para o distinguir de outras províncias, eventualmente Vila Praia de Âncora fica no Sotavento Minhoto).
Acredito que, com tanto km de costa, haja por aqui alguma coisa parecida com a Praia da Rocha, mas até agora tem sido mais a rocha do que a praia. Suponho que tem a ver com o tipo de quartzo local, a Arábia teve direito a restos de dinossauro fossilizado liquefeito perto da superfície, Portugal teve direito a quartzo do bom, que origina praias jeitosas, não se pode querer tudo. E aqui o concurso de construções na areia não é para meninos, o patrocínio não deve ser do DN, mas do Leroy Merlin (ou mesmo Caterpillar).
Com algum tempo livre e uma viatura 4x4 talvez seja possível descobrir praias paradisíacas (como já referi, são mesmo muitos km de costa). Por enquanto, combina-se uma ida de vez em quando à praia do hotel, um dia há-de haver imperial fresca na esplanada, que é afinal o principal motivo de interesse numa ida à praia.
O acesso às dos hotéis não é barato, mas dá direito a espreguiçadeiras, alcatifa para proteger os pés e empregados a trazer bebidas. Ainda não há caipirinhas (nem imperiais, já vimos) mas, ao ritmo a que este país está a mudar, não há-de faltar muito.
Quanto ao código de vestuário, nas praias públicas a maior parte dos homens está de t-shirt, mesmo dentro de água, as mulheres ainda mais vestidas, como pertence. Nas privadas, é como cada qual se sentir mais confortável, mais tecido menos tecido.
Zonas mais recentes já têm uma marginal cuidada, trotinetes partilhadas, imobiliárias, esplanadas, um encanto.
Lembro-me de ver fotografias de praias no Irão, anos 60/70, imagens idênticas ao que se passava no mundo ocidental. Destes lados nunca vi nada semelhante, não me está a parecer que alguma vez tivesse havido por aqui banhistas em calção ou biquini, vendedores ambulantes de baklava (com ou sem creme) e encontros marcados junto à bola da Aramco.
Uma vantagem de viver junto ao mar, em clima quente, é que uma pessoa até sente que está de férias, a marginal à noite está cheia, a frente de mar é um catálogo urbanístico entre Quarteira, Lagos, Armação de Pera, Vilamoura… Também há hamburguerias, showarma, restaurantes indianos, carrinhos a vender gelados e algodão doce, e acessórios de praia.
Ainda não há peruanos a tocar, nem saltimbancos, e falta o toque de classe de tropeçar em ingleses bêbados na rua dos bares da Oura.
Lá chegaremos.