Jazan, a cada regresso
Não há viagem como a primeira. Sabemos o que deixamos para trás, desconhecemos o que nos espera adiante, a aventura e a novidade. Depois, tudo muda, continuamos a deixar a família, os amigos, Portugal, e também o que nos fez partir.
A excitação de voar já deu lugar ao tédio, os aeroportos são todos iguais, há lojas Relay, Boss, Thule, CK One em promoção, já nem reparo, enquanto vou arrastando a mala de cabine, aka Bóbi, à procura da porta de embarque. E escala em Paris, Londres, Frankfurt, Istanbul... (a TAP é nossa, mas voos directos, nicles) mais um Relay, mais uma Boss, mais uma promoção de CK One.
Na chegada ao aeroporto internacional King Khaled, em Riade, é como se ainda ontem tivesse saído, está tudo igual. Mais ou menos, agora há controlo de PCR ao cimo das escadas. Mas continua o ruído da fonte e, no átrio onde se forma a bicha para as formalidades de entrada, há um écran gigante com a ovelha Choné. Há alguma empatia com os outros expatriados na bicha. Os residentes do GCC, e os que chegam pela primeira vez, vão para bichas separadas. Há turistas e há viajantes, a Arábia Saudita já aceita turistas, mas aqui ainda somos todos viajantes, os instagramers que arranjem outro nome.
O dejá vu termina, agora há ainda o voo para Jazan, implica mudança de terminal, e é quando saio do Terminal 1 que o calor confirma o regresso.
São mais duas horas de voo. O aeroporto internacional de Jazan não tem mangas, é só um percurso de 30m, em autocarro, entre o avião e o terminal. Nota-se logo que se está à beira-mar, por causa dajumidades, os óculos ficam logo embaciados. A entrada no terminal lembra uma estação de autocarros em Ponte de Sôr. Passa-se por uma palhota com mobília e artefactos típicos da região (eu disse que fazia lembrar, por causa de coisas, não disse que era a mesma coisa), bem-vindos a Jazan, a Odeceixe da Arábia Saudita, mas com água menos fria, e sem surfistas.
E começa a contagem decrescente para o próximo regresso, enquanto já regressámos à rotina, Então que tal as férias, a família, todos bem?
Já falta pouco.