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Gare do Oriente, Médio

Dois arquitectos portugueses emigram para o Reino da Arábia Saudita. Um escreve (às vezes também esquiça), outro fotografa.

Gare do Oriente, Médio

Dois arquitectos portugueses emigram para o Reino da Arábia Saudita. Um escreve (às vezes também esquiça), outro fotografa.

O Paulo morreu ontem, depois de doença prolongada. Conhecemo-nos na faculdade, primeiro no Porto, numa visita da Faculdade de Arquitectura de Lisboa. No ano seguinte, mudei para Lisboa e calhámos na mesma turma. Gostávamos da mesma música, da mesma arquitectura e de motas. Era um arquitecto brilhante, angustiado com o desenho, com a integridade da obra, sempre em busca da perfeição, como é normal em arquitectos brilhantes. 

Fomos ver os Cure em Alvalade, os Pogues no Coliseu, Lloyd Cole em Cascais… E conversávamos noite fora em Lagos, no Eddies, Mullens, Joe’s Garage. Vou ter saudades das nossas conversas, do seu sentido de humor, da sua gentileza.

É uma das coisas mais terríveis de estar emigrado tão longe, estive com ele no Natal, não pude estar com ele nos últimos dias, não posso ir ao funeral.

O Paulo deixou uma obra construída notável.

E deixou-me uma dolorosa saudade.