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Gare do Oriente, Médio

Dois arquitectos portugueses emigram para o Reino da Arábia Saudita. Um escreve (às vezes também esquiça), outro fotografa.

Gare do Oriente, Médio

Dois arquitectos portugueses emigram para o Reino da Arábia Saudita. Um escreve (às vezes também esquiça), outro fotografa.

A propósito da última publicação do Bruno. Não conheço a realidade das comunidades portuguesas de emigrantes por esse mundo fora. Em princípio, uma pessoa que sai de Portugal é porque já está farta dos outros portugueses, não faz sentido querer estar com os seus compatriotas, depois de lhes ter escapado. Mas isso depois obrigá-los-ia a conviver com os seus vizinhos franceses (uns chauvinistas), alemães (nazis), americanos (grunhos), e por aí fora… No nosso caso, seria privar com gente que nunca nos oferece um copo quando os visitamos. Mal por mal, mais vale conviver com os compatriotas/companheiros de emigração, pelo menos a gente já sabe o que a casa gasta. E além disso, queixar-nos do governo do nosso país aos autóctones também não é a mesma coisa.

Por outro lado, o desejo de socialização acaba por ser mais intenso para quem está cá sem família, parecendo que não ter garotos ainda é coisa que ocupa tempo.

E vai daí, os portugueses organizam-se, tal como outras comunidades (os italianos foram os mais bem sucedidos, têm agremiações que já deram argumentos para filmes bem jeitosos). Já nós, é uma cena que não nos assite muito, a não ser que seja para comer, deve haver mais confrarias em Portugal do que criminosos dispostos a organizar-se. É só uma questão de tempo até termos aqui uma confraria do borrego. Ou da shawarma.

Adiante. Quando são numerosos, como em França, até conseguem atrair grandes estrelas da música popular alternativa, e encher um Olímpia, com vultos do calibre de um Dino Meira, um Toni Carreira ou uma Ágata. Ou criar uma estrela a partir de uma mala de cartão. 

Na Arábia Saudita somos menos, nem se consegue um Sergio Rossi. E até há pouco tempo só havia dispersos grupos de WhatsApp. E se não temos uma Linda de Suza, temos indivíduos que já estiveram numa tuna, e nem sequer eram pandeiretas, sabem mesmo tocar instrumentos musicais a sério.

Em 2019, um par de Nunos (Vieira a presidente e Rebelo em vice) devia estar sem net, e vai daí resolveu criar a ASPAS, Associação de Portugueses na Arábia Saudita.

O primeiro e seminal encontro foi em Outubro desse ano, no Kingdom Compound. Em 2021, logo após a pandemia, foi possível trazer o radialista Hugo Van der Ding, e em 2023 veio a primeira mulher portuguesa para tocar a solo no reino, a pianista Joana Gama. Ainda houve concertos de Júlio Resende, peças de teatro com Leonor Alcácer.

Sim, há quem ache que isto seria tudo obrigação da Embaixada e do Ministério da Cultura, e etc. Parece-me que uma das razões por que cá estamos é, precisamente, teremos desistido de esperar que o Estado faça o que podemos ser nós a fazer. E até acabou por se criar uma relação simbiótica com a embaixada, cedem as instalações, os cidadãos organizam as galas. Na capital, pois claro, há coisas que nunca mudam, a Arábia é Riade, e o resto é paisagem.

As comunidades de Jidá, Dammam, vão combinando jantares, os 3 de Jazan cumprimentam-se de vez em quando, e suponho que o de Abha joga Solitário em frente ao espelho todas as Sextas-Feiras, também já me calhou ser o único português, em Taif. 

Obviamente, há gente que não gosta de se misturar, já foi referido, fartos de aturar portugueses estão eles.

Enfim, voltando à Gala deste ano, 3 das fotos que tirei nas ilhas Farasan também foram expostas, Bruno optou pelo turf, eu fui pelo surf.

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