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Gare do Oriente, Médio

Dois arquitectos portugueses emigram para o Reino da Arábia Saudita. Um escreve (às vezes também esquiça), outro fotografa.

Gare do Oriente, Médio

Dois arquitectos portugueses emigram para o Reino da Arábia Saudita. Um escreve (às vezes também esquiça), outro fotografa.

Mudar para uma terra estranha é tão antigo como a civilização, penso eu de que. Cheguei aqui com a ideia que seria algo temporário, já lá vão 9 anos. Alguns compatriotas acabaram por trazer as famílias, a minha ficou por lá, somos nós e as nossas circunstâncias. 

As férias são repartidas ao máximo, vai-se tirando partido dos Eid para me manter como pai presente.

A maioridade do mais velho, concomitante com a abertura da Arábia Saudita ao turismo, aumentou a possibilidade de tempo juntos, pelo menos por mais uns anos, que entretanto eles também vão à sua vida.

Olhando para trás, os balanços são inevitáveis, entre a presença que não lhes demos e o futuro para que trabalhamos. O saldo tem que ser positivo, para há alternativa, por muito que vamos matutando todos os ses, não tivesse partido.

Os garotos já cá estiveram várias vezes, além de matar saudades também me pareceu importante que estivessem no meu sítio, experimentassem a minha realidade, convivessem com os meus amigos, enfim, ganhassem a percepção do meu mundo, sempre lhes oferece outra imaginação na minha ausência, saberem como é o lugar que habito para lá das descrições, das fotografias e vídeos.

No mês passado voltaram cá, Jidá já lhes é familiar, reconhecem locais e pessoas, estabelecem rotinas, o mais velho consegue trabalhar remotamente, esta altura da sua vida o tempo que dispõem para estar com os pais vai escasseando.

Deixo-os no aeroporto, as despedidas nunca são fáceis.

“Pai, se o trabalho correr como planeado, para o ano tiro-te daqui”.